sexta-feira, 8 de agosto de 2008

COMPREI UMA GARRAFA DE VINHO PQ VC NAO ESTAH AQUI

de meio-dia fui almoçar. continuo preso nessa pequena cidade feia chamada lajeado. quando cheguei no restaurante a fila era enorme. peguei um prato e entrei na fila olhando para o chão. há sempre o perigo de que algum conhecido queira assunto. é preciso levantar os muros. é preciso atenção redobrada nas cidades pequenas. aqui os conhecidos estão por todos os lados. e eles sempre querem saber demais. eles sempre pensam que sabem mais sobre você, do que você mesmo. é perigoso não erguer os muros. é preciso cercar o terreno com lanças e choque elétrico. é preciso não dar espaço. e soltar os cachorros quando o terreno corre o risco de ser invadido por pés conhecidos. os conhecidos são perigosos demais.

a fila do restaurante por quilo demorava demais. passei pelas saladas e coloquei bastante coisa no prato. os conhecidos surgiam de todos os lados e eu não podia levantar a cabeça se quisesse continuar sem ter que sorrir. saí da fila com o prato cheio de folhas. a fila não andava. todos esperavam o seu momento e todos escolhiam a carne mais gorda e eu senti nojo de toda aquela comida que os conhecidos esperavam. saí da fila. 

sentei perto da janela para ver a feiura dessa cidade. nelsi hepp sorria em uma propaganda imundiciando a cidade. ela não era a única. outros feios estampam a cara imundiciando a cidade nesses tempos de eleição. são pobres coitados quase todos mal sucedidos em suas áreas profissionais e que precisam de um ganha pão. são pobres-coitados que precisam de um poder de mentira. tenho tanta pena dos políticos lajeadenses com o seu poder tão pequenino. será que eles sabem que são motivo de chacota? a foto de uma mulher espantalho sorria pedindo votos à reeleição. delmar portz me fez sentir raiva com seus santinhos e suas promessas e eu não sei como ainda essas pessoas têm coragem de querer comer às custas do meu voto? a tempos transferi o meu título para são paulo. lajeado fede e ainda assim é a segunda cidade com melhor qualidade de vida do estado. estamos fudidos. se isso aqui é o segundo melhor lugar do estado... o que será do resto?

terminei o almoço sem esperar a fila andar. devorei três folhas de rúcula, duas colheres de soja e um pouco de cenoura cozida. a fila dos conhecidos só aumentava quando senti uma dor na nunca e o coração latejando dentro da cabeça. a visão ficou turva e eu sempre sinto medo quando os conhecidos estão por perto. a foto da nelsi hepp continuava olhando para mim e como uma pessoa feia tem coragem de espalhar a foto por toda a cidade? por que todos os candidatos à vereador são tão feios? 

saí do restaurante e entrei no supermercado. comprei um talento intense e uma garrafa de caracter, um malbec argentino que ainda não provei. 

depois dirigi até essa casa. conto os dias para poder ir embora. não suporto mais essa cidade. tenho medo dos conhecidos tenho pânico das pessoas não quero contar nada para eles não quero que eles saibam que estou por perto.

depois consegui um livro de mitologia nórdica. vou estudar esses mitos para tentar escrever um roteiro que me foi encomendado. vou estudar um monte o meu mestre kieslowsky e trocar berlim por são paulo por um tempo. a ordem de tudo se altera e eu preciso ir aonde sou chamado. vou deixar os meus impulsos rodantes ao vento de lado por um tempo e trabalhar para depois poder me jogar sem rumo mais uma vez. 

sinto cordas me puxando de volta. ou um mundo me puxando para novas realidades.
tudo está mais sério. e não sei se isso é bom ou ruim. 

talvez o nada precise de um tempo para respirar aqui em mim. 

2 comentários:

alberto disse...

amo teus bloguicídios e teus renascimentos. nisso também somos opostos (e complementares, como bem observaste). eu estou ancorado nos meus dias. but that's life. estás regressando a sp? send a sign. grandabraço. ah, estou quase no fim. desta vez foi devagar, pois corta e dói. mas é apaixonante. não tenho outra palavra. guzik

Alien disse...

eu queria saber erguer a minha âncora com a mesma naturalidade que tu bate as asas.

eu queria abrir os braços com a mesm certeza que as putas abrem as pernas.

o queria vestir os meus sonhos com este casaco bonito que tu sabe tecer para aquecer os teus.

e nem faz mal que eu não chego lá.
saber que tu está lá, é saber da existência deste lugar onde basta existir.